Por Bruno Lara*
Quem somos nós por baixo das máscaras sociais? Quem é você sem o seu emprego, a sua graduação, sem os seus seguidores que o fazem pensar ser influente? Quem é você fora do Instagram? No limite, este somos nós.
Essa semana, a Luiza Possi virou notícia por expor o comentário de uma seguidora, que criticou a aparência da cantora por postar uma foto sem maquiagem e filtro. “A mulher depois que tem filhos fica acabada. Olha a cara da Luiza Possi”.
Talvez estejamos acostumados demais com filtros, que tem uma função de suprir eventuais distorções estéticas na projeção das nossas imagens. Com a tal da inteligência artificial então, os filtros fazem mudanças radicais, chegando a fazer da gente outro.
Sinal de alerta! Por que sermos outros? Uma coisa é darmos um tapa no visual para parecermos mais bonitos, com astral melhor diante da sociedade, como no trabalho e em festas. Outra coisa é não reconhecermos ou não aceitarmos a gente mesmo sem recursos artificiais de embelezamento.
Há uns meses, a cantora Sandy disse que usa maquiagem quase que o tempo todo, inclusive em casa, que em geral é ambiente de relaxamento, onde nos permitimos não atuar, fazer média, induzir interpretações sobre nós.
Querendo ou não, nós também somos olheiras, rugas e gordurinha na barriga (a minha é de tanquinho). A saúde mental também a por entendermos que somos “imperfeitos”, se tomarmos como referência as princesas e príncipes da Disney.
A dependência de filtro parece fazer de nós coadjuvantes dos nossos próprios avatares. A rigor, nós nas redes sociais não somos nós, mas personagens.
O controle da nossa autoimagem é um grau bem avançado de domínio da nossa mente. Não nos reconhecermos ao olharmos no espelho de manhã enquanto lavamos o rosto, é sinal de uma alienação e indicação grave da fragilidade da nossa vulnerabilidade emocional e da nossa entrega à indústria – o que não parece se aplicar à Luiza.
*Bruno Lara é jornalista