Rússia e Ucrânia anunciaram, nesta quinta-feira (12), uma nova troca de prisioneiros de guerra, o único progresso nas negociações entre as partes após várias noites de ataques russos.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, disse que espera falar com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na cúpula do G7, no Canadá, para pedir novas sanções à Rússia.
Mas Trump afirmou, nesta quinta, que está “muito desapontado” tanto com a Ucrânia quanto com a Rússia por não terem conseguido alcançar um acordo de paz para pôr fim à guerra.
“Estou muito desapontado com a Rússia, mas também com a Ucrânia, porque acredito que poderiam ter chegado a acordos”, disse o republicano a jornalistas em um evento na Casa Branca.
Nem Kiev, nem Moscou especificaram o número de prisioneiros trocados na terceira fase deste acordo, alcançado em conversas diretas entre russos e ucranianos em Istambul (Turquia) no início de junho. Também foram recuperados corpos de soldados.
“Soldados das Forças Armadas, da Guarda Nacional e da Guardas de Fronteira voltaram para casa”, disse Zelensky no Telegram.
Zelensky, cujo país luta contra a invasão russa há três anos, publicou uma foto dos soldados ucranianos com bandeiras nacionais, recebidos em sua chegada à Ucrânia.
“Um grupo de militares russos foi devolvido do território controlado pelo regime de Kiev”, disse o Ministério da Defesa da Rússia, confirmando a troca. Mais tarde, a pasta publicou um vídeo que mostrou soldados russos libertados.
Do lado ucraniano, como em cada troca, os libertados foram recebidos por familiares de soldados desaparecidos em busca de notícias, disse um jornalista da AFP.
Segundo o comissário ucraniano de direitos humanos, Dmytro Lubinets, os soldados liberados nesta quinta-feira estavam “detidos desde os primeiros dias” da invasão russa e têm entre 22 e 59 anos.
As trocas de prisioneiros de guerra e o repatriamento de corpos de soldados são um dos poucos pontos de consenso entre Kiev e Moscou.
– Pressão econômica e militar –
As trocas anteriores de prisioneiros jovens ou feridos, também acordadas em Istambul, ocorreram na segunda e na terça-feira.
Na quarta-feira, a Ucrânia anunciou ter recuperado os corpos de 1.212 soldados mortos na linha de frente e a Rússia recuperou 27.
Apesar das trocas, os combates continuam. Forças russas apertam o cerco na região de Sumy (norte) e estão a aproximadamente 20 km da capital regional.
O Exército russo lançou vários ataques noturnos em grande escala na Ucrânia nos últimos dias, incluindo na capital, Kiev, na cidade portuária de Odessa e em Kharkiv, a segunda cidade do país.
Na madrugada desta quinta-feira, 14 pessoas ficaram feridas em Kharkiv (nordeste) em novos ataques russos com drones que provocaram incêndios.
Na Rússia, um garoto de dois anos morreu nesta quinta-feira no ataque de um drone ucraniano à região fronteiriça de Belgorod, anunciou seu governador no Telegram.
As negociações para um cessar-fogo estão paralisadas e a Rússia se recusa a retomá-las até que suas exigências exorbitantes sejam atendidas, entre elas, de que a Ucrânia ceda quatro regiões e desista de ingressar na Otan.
Apesar disso, o chefe da diplomacia ucraniana, Andrii Sibiga, disse que seu país quer acabar com a guerra “este ano”, desde que os ocidentais reforcem sua “pressão econômica” e “militar” sobre Moscou.
Por sua vez, o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, visitou Kiev nesta quinta-feira e anunciou uma ajuda adicional à Ucrânia de 1,9 bilhão de euros (12,18 bilhões de reais) para enfrentar a Rússia.
No entanto, o ministro garantiu que a Alemanha não planeja entregar mísseis Taurus de longa distância à Ucrânia, solicitados para neutralizar ataques russos.
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